Estou aqui, me remexendo no sofá, pensando em quantas vezes acompanhei as mães em Super Nanny, pondo seus rebentos na cama pela 89ª vez, sob o duro olhar da tia do laçarote no pescoço. Com meu julgamento afiado repetia em minha cabeça: como essa mãe (por que não pai?) deixou a coisa degringolar desse jeito?
Maria dormiu feito anjo até os seis meses. Eu seguia uma rotina impecável de colocá-la na cama sonolenta, porém desperta e ela dormia toda a noite, das 8h às 6h. Foi então que minha sogra veio para cá de mala e cuia passar as férias, no quarto colado com a Maria Eduarda. Nestas de querer (com)provar que sou excelente mãe não querer incomodar a visita, bastava Maria suspirar que eu estava em cima dela. Pois as férias chegaram ao fim, lá se foi minha sogra com a mala e a cuia e o que restou foi um bebê chorando de hora em hora.
Nesse ínterim, Maria passou a ficar com meus pais para eu trabalhar e os avós acostumaram-na a adormecer nos braços.
Dito e feito. Passei a ter um bebê que só adormece acompanhado e que acorda de hora em hora (que nem a telesena).
Até aí ainda não havia perdido o rumo. Foi então que no fim do ano Maricota adoeceu pela primeira vez e abrimos a concessão para ela dormir no “meinho”. Ela sarou e uma semana depois fomos nós, de mala, cuia e filha visitar a sogra. Sem berço, ela continuou dormindo na nossa cama por mais uma semana. Pronto: quase 10 meses dormindo formosa em seu bercinho e bastaram duas semanas de “meinho” pra coisa desandar.
Desde então ela dorme na caminha dela e lá pelas tantas abre um berreiro. Eu, morta de sono, faltando poucas horas para as 6h, apalpo aquele corpinho sentadinho em sua cama e levo-a, no escuro para minha cama. Lá ela fica um tempo num comportamento de minhoca (deve ter a síndrome das pernas inquietas, não é possível...), me apalpa, chupa o dedo, senta, deita, revira, desfere alguns chutes descontrolados.......... e dorme.
Pois hoje enxuguei o cuspe enorme que caiu sobre minha testa após anos a fio de cusparadas para cima, lembrei-me de Super Nanny com seus óculos e sua coleira-laçarote e pus Maria numa caminha de solteiro na altura do chão. Protegi devidamente as paredes para amortecer os golpes de minhoca e pus a bichinha deitada. Deitei-me com ela. Coloquei-a de volta deitada umas 30 vezes. Saí de lá na pontinha dos pés. Chorou uma vez e Eduardo foi fazer as vezes. Deu um chorinho breve agora mesmo.
Estou com o propósito de manter-me firme. Veremos se Super Nanny tinha razão.