sábado, 27 de março de 2010

Maria, mamãe também é gente!


Maria está toda uma moça. Esta semana resistiu lindamente à febre pós vacinas. Ainda que em alguns momentos fez charme para ganhar afagos, pareceu-me bem-humorada. Dormiu um monte. Quando ela dorme muito sinto saudades. Vou beijá-la na cama.

Nossos dias são sempre parecidos. Estamos seguindo uma rotina há mais de um mês e já colhemos alguns frutos: ela dorme sempre pouco antes das 8 horas da noite, depois do banho, da mamada e do Pai Nosso. Só acorda 7 horas depois, para mamar. Depois dorme novamente até às 6 horas. Acorda cheia de energia. Então venho para a sala com ela, dou de mamar, falamos, brincamos, tomo meu café, dou seu banho, saimos passear de carrinho e por aí vai. Quando são 9 horas da manhã a minha sensação é que o dia já está velho.

Assustador pensar que março está acabando. Não fossem os desfiles das escolas de samba nas mamadas da madrugada, diria que fevereiro não existiu. Em menos de dois meses volto a trabalhar. Sinto falta do trabalho. Na verdade já me sinto dividida. Esta semana passei a noite sonhando com alunos e aulas. Acordei preocupada sobre como lidar com Maria depois do retorno. Sentirei culpa?

Sempre li sobre a culpa que sentem as mães. E também sobre outras culpas que colocam sobre elas. Inevitável sentir culpa. A primeira foi quando me dei conta de que teria que complementar as mamadas com leite artificial. Já outra noite fui a uma aula de hidroginástica e não a vi adormecer. Morri de culpa (talvez ela nem tenha notado minha ausência, mas eu senti a dela).

Às vezes a culpa vem quando me sinto muito cansada, o que me gera algum mal humor. Vem também quando me pergunto: “e eu?”, pois me sinto egoísta. Outro dia olhei pra ela e disse: “Maria, mamãe também é gente!”. As prioridades são todas dela. A fome dela vem primeiro, o sono dela vem primeiro, o cocô dela vem primeiro (o de hoje no meio do banho, com Eduardo acudindo a nós duas). Mas Maria está sim uma moça. Calma e viva. A cada dia é melhor. A cada dia nos conhecemos mais.

domingo, 14 de março de 2010

A paternidade transforma o homem


Nunca fui fã de lagartixas. Quando me apavorava Eduardo sempre vinha com o discurso do auto-controle, mas nunca me socorreu.

Hoje Maria estava dormindo em seu berço e uma lagartixinha estava no teto (me pergunto como ela veio parar no décimo andar). Apenas comuniquei o fato. Menos de trinta segundos depois estava ele, munido de macheza e vassoura. Foi espantando a pequena até sair pela janela. Maria estava a salvo.