Faz uma hora que acordei me afogando de calor. Estou na sacada tomando a fresca. Na rede. Acordada no meio da noite mas com sensação de paz e alegria imensas. Esse ventinho que não chega a ser gelado e esse quase silêncio me trazem lembranças de praia, de férias já vividas, de descompromisso, de um bom livro, de palavras cruzadas e de um sovete de palito.
Maria Eduarda no mesmo ritmo, fazendo ondinhas suaves na minha barriga, de tempo em tempo. Uma marolinha.
Semana passada fomos vê-la chupando o dedão. Apresentação cefálica, dorso à esquerda, 1860 g, 32 semanas... Mãe com uma super pança. Em geral sentindo-me pesada e lenta, ainda que hoje tenha acordado cheia de energia e quase não me sentindo grávida e grande. A sensação nova é uma dorzinha no osso do púbis (juro que algumas vezes me vem a imagem de um abridor de garrafas se encaixando de frente e puxando-o para cima, como uma coca cola). Uma dor ardidinha. Ah, tenho um pouco de colostro.
Todo mundo me pergunta se já está tudo pronto. Não está. Mas nestes próximos quinze dias tudo estará, segundo o planejado. Marceneiro pintando uns móveis, berço a ser entregue, um quadro por finalizar, a reforma de uma poltrona.
Tenho lido umas dicas de organização doméstica para facilitar minha vida e criar alguns hábitos antes da maternidade. Desde que fiquei grávida já melhorei muita coisa (até então não fui exemplo de praticidade e vivia adiando algumas resoluções)... ainda bem que todo o processo de fabricação da criança (e de fabricação de um pai e de uma mãe) dura 9 preciosos meses.
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