quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Berçário


Maria Eduarda definitivamente começou na escolinha. Na sexta ficou lá por uma hora e meia, na segunda por duas horas, na terça umas três horas e pouco, assim como hoje. Sexta aconteceram lágrimas minhas. Segunda, lágrimas dela.  Terça, lágrimas de ninguém. Hoje, lágrimas dela e um coração apertado meu. Sofreu na hora da soneca. Depois de um berreiro dormiu abraçada na Constança, sua boneca-travesseiro.
Antes de chegar à conclusão de quais mãos cuidariam de minha Maricota, passei por meia dúzia de escolas. Como foi difícil. Segue um resumo da peregrinação.
Escola A – Berçário ao 9º ano. A semi-selva foi visitada no fim do período letivo. Terreno altamente acidentado. Embora cheio de verde e muitos bichos, tudo muito claustrofóbico. Construíram por todo lado como uma metrópole que cresceu sem planejamento. A direção me recebeu com ar desconfiado, quando eu disse ser professora. Desdobrou-se em mostrar como eram as apostilas de educação infantil e como as crianças ‘preenchem as atividades com a ajuda das tias e aprendem muito com isso’. O berçário é bem improvisado, numa sala com divisórias destas de escritório. Fiquei alerta quando a direção pronunciou mal uma palavra corriqueira e confundiu-se em cálculos para chegar ao preço do cuidado/ensino. O berçário dá a sensação de aperto.
Escola B – Berçário ao ensino médio. Fui conhecer no fim do ano. Ambiente visualmente limpo. Organizado. Pequeno na medida justa. Arejado. Não gostei do fato de darem comida congelada aos pequenos. O que gostei foi que, embora o berçário em si seja um lugar pequeno, o espaço circundante não... O que convida a passeinhos de carrinho e muitas caminhadinhas quando os pequenos aprendam a andar. O berçário dá a sensação de paz. Preção.
Escola C – Berçário ao ensino médio. Fui conhecer no meio do ano passado. Enorme, ainda que hermético. Tem certo clima de hospital. Tudo milimetricamente planejado. Alimentação impecável. Porém, com muitas crianças por turminha. Desgostou-me que os jardins, tão enjardinados, só servem para olhar... não pode pisar. Obsessão por limpeza (ou desperdício): pedem três mudas de roupa e 5 fraldas para passar uma manhã. Lista de material gigante. Ficou uma sensação de supérfluo e de distância do meu cotidiano. Preção.
Escola D – Berçário até três anos. Conheci no meio do semestre passado. Pequena. Uma casa comum adaptada. Quase nada de quintal. Quando entrei, a ampla TV da sala estava sintonizada na Discovery Kids. Perguntei à coordenadora sobre a TV e ela disse que está na programação das atividades diárias assisti-la por uma hora pela manhã mais uma hora à tarde. Entrei numa das salas e haviam 7 cadeirões com sete bebês de um ano e pouco sentados, enfileirados numa parede, enquanto a “tia” recortava papéis. Pareceu-me uma escola sem alma.
Escola E – Berçário e educação infantil. Visitei duas vezes. Uma com o Eduardo. O prédio fica no meio do terreno, o que possibilita que o sol atinja todos os lados do prédio. Agradável, arejado. Na primeira visita, ao estacionar na porta, um lindo som de violão e algumas vozes de crianças. Era aula de música. Da segunda vez, na sala principal alguns bebês dormiam em bebês conforto enquanto a caixa de som reproduzia baixinho uma música clássica. A casa possui ampla varanda: para fazer sujeira, brincar com tinta... comer melancia, brincar com água. Na hora da refeição a comida é disposta como no dia-a-dia da casa da gente: arroz, feijão, legumes, saladinha, carne.  Tudo na altura das crianças. Elas vêem seu prato ser servido. Lugar encantador. Fiz uma proposta sobre o valor da mensalidade. Foi negado. A escola é feliz.
Escola F - Berçário até um ano e meio. Visitada há uma semana. Vista de fora é mais interessante. A porta que dá acesso ao ‘corpo’ da escola é tão estreita que uma pessoa encorpada certamente entalaria. Uma casa simples, adaptada com o mínimo possível para ser uma escola. Salas minúsculas. O quintal tem chão de piso, como de cozinha (portanto, liso quando molhado). Sobre esse piso, alguns brinquedos de plástico. Apenas alguns metros quadrados de grama, a parte mais legal da escola.
Escola G – Educação infantil a partir de um ano. Visitei a escola no fim do semestre passado e novamente há uma semana. O terreno é enorme. Da primeira vez achei a casa mal cuidada, bagunçada, visualmente poluída. Fiquei insegura porque a parte física da escola dava a sensação de descaso. Soma-se que fui num dia chuvoso, o que impossibilitou conhecer toda a área externa. Nesta segunda visita, a casa passou por reforma e pintura (ainda em finalização). Tornou-se aconchegante. Tem um ar de casa de vó. Desde a primeira vez gostei da proposta pedagógica. Os valores desenvolvidos são parecidos com os que cultivo. As crianças de várias idades convivem. As professoras são designadas a seus grupos, mas também são responsáveis por todos. O super quintal conta com parreira, jaboticabeira, goiabeira, jambolão, milharal, mandioca, horta, galinhas, coelhos, porquinho da índia. Reciclam, fazem compostagem. Decidi-me por essa escola. É uma escola feliz.

Acho que escolher uma escola será sempre difícil. Queremos o mais parecido possível com o que faríamos com nossos filhos se estivéssemos em casa. Queremos que as professoras olhem para nosso bebê com o mesmo amor. Que o acolha da mesma maneira que faríamos. A única coisa que fiquei alerta com a escola foi com a alimentação. Embora tenha passado por longa entrevista sobre os hábitos alimentares da Maria Eduarda, isso não foi imediatamente passado para a responsável por ela. No segundo dia de adaptação tentaram dar a ela leite com achocolatado. Imediatamente fiz uma carta de próprio punho com todos os tin-tins. Tudo resolvido.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Fralda-surpresa!


Então abro sua fralda para a troca e, em meio a tudo aquilo, vários papeizinhos azul Royal gravados com minúsculas letrinhas pretas. Não me detive a examinar o texto, a fim de investigar a origem...
Filhos nos fazem conviver com o cocô de maneira fraternal: fungadas no bumbum do bebê para detectar odores suspeitos; recuperar bolinhas que saem rolando numa ou noutra troca de fraldas e sim, minha gente, pescar a merda com as mãos quando relaxam demais na hora do banho e resolvem se aliviar ali mesmo. Fora o monitoramento constante de assiduidade e textura. A merda é todo um universo do bem-estar do bebê.
E sobre sentir-se bem, Maria tem seus caprichos. Jamais faz cocô em fralda encharcada de xixi. Costumo ter sempre um pacote de fraldas baratas, pra serem usadas por 15 ou 20 minutos entre as 7 e 8 horas da manhã. Uma por dia. Basta trocar a fralda da madrugada e Maria pensa: “banheiro limpo, aqui vou eu”.

domingo, 2 de janeiro de 2011