quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

38 semanas - olhar de espera


A dor de abridor-de-garrafas está presente a todo momento, mesmo deitada. Tarefas simples como enxugar meus pés tornaram-se um exercício. Encolher as pernas para colocar calças e calcinhas também é difícil, preciso sentar-me. Na cama, melhor do lado esquerdo. Tento o direito de tempo em tempo. 38 semanas.


Ontem fiz o exame de cardiotocografia. Consiste em duas faixas elásticas com sensores que ficam 20 minutos sobre a barriga. Um mede as contrações uterinas e outro os batimentos cardíacos do bebê. Tudo vai bem.

Minha pesquisa de estreptococais deu positiva. Me parece que isso é muito comum e significa que tomarei um antibiótico durante o trabalho de parto. Dizem que primigestas ficam mais ou menos 12 horas em trabalho de parto. Acho que é tempo suficiente para chacinar todos os bichinhos!

Conversei longamente com minha mãe. Me contou em detalhes seu primeiro trabalho de parto (aliás, barrigas, trabalhos de parto e recém-nascidos têm sido meus assuntos favoritos). Me contou que minha avó, mãe de meu pai, teve 4 de seus 5 filhos em casa, entre duas cadeiras.

Ando com o olhar pacífico. Olhar de espera. Tenho alternado meus dias em sair um pouco, caminhar um pouco, cochilar um pouco, repousar um pouco. Me sinto tranqüila. Estou acabando de arrumar armários, organizar objetos e desfazer-me do que não necessito. Incrível como junto papéis, cacarecos e inutilidades.

Preparei e congelei algumas comidas. E a poltrona reformada, enfim chegou.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Vagina e a pesquisa de estreptococais

Tudo ao mesmo tempo, agora. Quase tudo pronto. Será que esta MÃE está pronta?
Chegou o berço, a cômoda, o guarda roupa, a mesinha. Compramos um tapete. Esperamos a poltrona reformada. Abajour e todo o resto no lugar. Laranja, amarelo e verde. E branco.
Agora vemos o obstetra toda semana. Dr. Alfredo fez o primeiro exame de toque. Eduardo se surpreendeu com a coisa toda (bom ele saber que com a próstata não é muito distinto). Colo do útero fechado, bacia boa, ela encaixada até o meio do narizinho, dorso à direita (de novo esse dorso aí... quando irá definitivamente para a esquerda?).
Penso racionalmente: parto normal é normal. A humanidade nasceu assim. E então acordo de madrugada com algumas coliquinhas e me dá medo. Medo de tudo. Acho que o medo também é normal.
Quando olho para baixo sem roupa vejo uma grande bola, parece maior quando me sento. O novo barato da Maria Eduarda é ter soluços e apertar minhas costelinhas do lado direito. Sinto que minha barriga desceu um tantinho, 36 semanas. Na quinta passada eram 2470 g. Ela tem boquinha gorda.
Semana passada fui colher o material para a “pesquisa de estreptococais”. O nome é chique... já o exame... Primeiro: nada de banho. Com algum constrangimento, tentando falar de qualquer assunto e com vontade de desaparecer, deitamos numa minúscula mesinha e abrimos a perna. Passa-se um grande cotonete na vagina, duas vezes. Depois com delicadeza a enfermeira diz: “vire de ladinho”. E lá vai o tal cotonete no ânus. É rápido e horrendo.
Aliás, a discussão com minhas amigas mães e amigos pais e com o Eduardo é sobre que nomes ensinaremos para a Maria Eduarda, quanto aos orgãos sexuais. Meninos a princípio é fácil: pipi. Meigo até. Em casa era pinto e xoxo. Acho esse “xoxo” bem feinho... Mas que ensinar para a menina? Xoxota? Já os pobres dos animaizinhos, que será quando formos ao zoológico: Pombinha, periquita, perereca... HORROR HORROR. Eduardo propôs Coño.... desatamos a rir. Vai ser vagina mesmo. Aliás, é o nome dela.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

No princípio era o caos


"No principio era o caos, então foi feita a luz e a luz era boa..."
O quarto da Maria Eduarda está assim: tudo absolutamente caótico e fora de lugar, porém com uma luminária adorável, recém instalada, com lua e estrelas jateadas, com dimer para dosar essa boa luz.
Para não dizer que nada está pronto, a malinha dela está. Minúsculas roupinhas de boneca lavadas e passadas cuidadosamente uma a uma (delícia delícia). Estou oficialmente no oitavo mês e confesso que depois desses sete meses de convivência consciente, me encantei (enfim!!) pelo cor de rosa e pelo lilás. Quando fui comprar as roupinhas arrisquei um bodie azul e um verde, na verdade da sessão masculina... mas declaro que ao lavá-los agora, não achei muito entusiasmante.
A chuva destes últimos dias atrasou a pintura do guarda roupa. O berço chega amanhã e nada de armário. Tudo está espalhado por todos os cantos... Espero que até sexta o caos se amenize. Aguardemos a cena do próximo capítulo.
A pancinha virou pança. Mais uma estria no quadril, duas no púbis, umas dez na barriga. Todo cuidado parece pouco. Haja cremes e óleo, mas a pele parece sempre seca.
Dormir está mesmo difícil. Agora dei para acordar diariamente por volta das 2. Um dia passei roupa, noutros arrumei umas coisas, trabalhei, li... Geralmente até as 5, com lanchinho aí no meio, obvio. Depois um cochilo e vou trabalhar. Bom que em mais uma semana estou em férias e poderei descansar quando bem entender.
Nesta quinta temos obstetra e estou curiosa para saber como ela está. Já eu, ando cansada, meio sem ar, com azia, com sono mortal algumas tardes, com aquela dor-de-abridor-de-garrafas vocês sabem onde, um pouco de cólica, algumas contrações. Tornozelo mais inchado nesses dias de calor.
Eduardo me disse que agora quem parece um rinoceronte-canguru sou eu, cada vez que empreendo a manobra de me virar na cama. Tudo bem que não ando muito jeitosa, mas ele (que já não pula na cama) ainda tem suas artimanhas para “ver se respiro”: chacoalha o lençol... ele não sabe que muitas vezes estou acordada. Respiro ruidosamente fundo e ele dorme em paz.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Diálogo

Eu lavando as roupinhas da Maria Eduarda e pensando. Eduardo entra:
"Du, será que o marido da Maria Eduarda já nasceu?"
"Espero que não tenha nascido há 30 anos..."